quinta-feira, 19 de março de 2015

Porque fui pra rua

Estamos vivendo algo novo no Brasil, nunca falou-se tanto sobre política como atualmente. E nunca roubou-se tanto neste país... Estamos investigando a maior denúncia de corrupção da história deste país...
É triste, mas somos obrigados a assumir que faz parte da cultura do brasileiro a corrupção,  a cultura do "esperto", dar o famoso "jeitinho brasileiro" para se dar bem. Muito tem sido feito para mudar esta cultura, hoje as pessoas tem mais consciência e algumas cobram uma das outras uma atitude mais honesta. De fato, nunca podemos generalizar, nem todo brasileiro é corrupto e desonesto.
A sociedade tem cobrado há algum tempo por investigações, transparência e punição dos políticos corruptos. Descobriu-se falcatruas de todos os lados, de todos os partidos políticos. Descobriu-se que não existe mais o político bonzinho, de imagem irrefutável... Confesso que me surpreendi e me enganei muitas vezes, pensando que fulano fosse honesto... Só que não...
Desde as últimas eleições a sociedade dividiu-se impressionantemente. As pessoas começaram a defender os partidos como times de futebol, houveram confrontos nas ruas. Existe ódio.
Pra que incentivar a intolerância? E o Lula continua a fazer seus discursos inflamados contra a "elite branca".  O que questiono é a que classe que ele se enquadra, já que ele tem um triplex no Guarujá e varanda gourmet... Será que ele é da elite branca assim como eu?
Marilena Chauí discursa por aí falando da classe média fascista. Questiono onde vamos parar incentivando a violência e dividindo a população.
Mas não quero falar aqui sobre qual é o melhor partido, discutir sobre esquerda ou direita ou teorizar sobre economia.
O fato é que desde que me tornei mãe passei a ver a sociedade por outra perspectiva. Tenho uma criança que depende de mim para alimentá-la, criá-la e protege-la. Mais do que isso, tenho um ser para formar.
Todos os dias me pergunto se é nesta sociedade que quero que meu filho cresça.
Respeito é fundamental! E aqui no Brasil, apesar de vivermos numa democracia, apesar de termos liberdade de expressão, nem sempre o próximo está disposto a aceitar aquele que pensa diferente. Somos hostilizados e discriminados muitas vezes pelo que temos e somos...
Acho lindo quando vejo pessoas debatendo civilizadamente, apresentando pontos de vistas diferentes, é assim que a gente evolui, construindo argumentos e trocando ideias!
Odeio que me digam que não devo acreditar em tudo que a mídia fala. Claro que não devo! Não sou estúpida ou uma tábula rasa!
O mesmo respeito quero para meu filho. Apesar de ter apenas 5 anos, é esperto e capaz de muitas coisas. Nunca o subestimo e adoro escutar as teorias dele. Quando ele me pergunta algo, primeiro devolvo a pergunta e o espero expressar seus pensamentos e sentimentos. Depois respondo. Quero que ele pense e chegue a suas próprias conclusões. Não vou permitir que digam a ele o que ser ou pensar. É lógico que como mãe devo ensina-lo valores éticos  e morais, mas ele escolherá seu time de futebol, sua profissão, ideologia política, etc.
Hoje li um texto de um pai à sua filha que fala sobre educação e expressa bem o que penso, se puderem, leiam http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/carta-a-minha-filha-nao-deixe-que-a-escola-te-ensine/99266/
Enfim, acabei decidindo ir a Paulista porque me sinto como se quisessem me calar, como seu não pudesse expressar o que penso. Estou cansada de ser rotulada de "burguesa", "fascista", "coxinha" e por aí vai... Sou contra a corrupção e tenho este direito! Fui defender meu livre arbítrio, minha liberdade!
Fui somar a minha voz a de outras milhares de pessoas que ali estavam por tantos outros motivos ou até pelo mesmo que o meu.
E foi assim que eu vivi uma das experiências mais linda e ao mesmo tempo louca da minha vida!
Encontrei um mar verde e amarelo na Paulista. Todos com sorriso no rosto, felizes em estarem ali. Tinha branco, negro, índio, pobre, rico, todos juntos e misturados. Vi crianças, bebês de colo, cães, portadores de necessidades especiais, muitos idosos, catador de papel com sua carroça e tudo, madames de salto alto e roupas de grife, celebridades, homessexuais de mãos dadas, gente de todo tipo, classe social e tribo. Vi gente emocianada cantando o Hino Nacional. Vi gente que declarava que votou na Dilma, mas estava arrependido. Aliás o mais divertido era ler os cartazes que as pessoas carregavam. Tinha, claro, gente pedindo o impeachment da Presidente e até a volta do Regime Militar. Como disse, radicalismos existem sempre, temos que respeitar o próximo por mais que não concordemos com ele. Apesar de não partilhar da mesma opinião, respeito. A única coisa que era unânime é que todos que estavam ali queriam um BASTA à corrupção que está acabando com este país.
Chegamos na Paulista pelo metrô Brigadeiro, caminhamos até a Consolação e voltamos. Confesso que foi difícil caminhar, tinha muita gente e passávamos pela massa apertados. Tinha momentos que pensei que iria desmaiar, a sensação era de muito calor e aperto. Foi tudo pacífico, não presenciei nenhum tumulto ou situação de risco. As pessoas passavam por você pedindo licença, desculpas, tudo civilizado! Tinha policiais espalhados por todo canto e o mais bonito era que estavam todos com sorrisos no rosto. Parece que estou relatando filme da Disney, até eu fiquei surpresa! Os policiais em sua maioria estavam conversando com a população, ajudando as pessoas com dificuldade em mobilidade e tirando fotos com a galera. A PM foi homenageada e ovacionada pela população inúmeras vezes. Achei justo, pois quem põe a vida em risco para prender bandidos nesta cidade? A profissão deles é muito difícil, tem que ser valorizada, principalmente pela população, que na maioria das vezes marginaliza a categoria. Volto a lembrar que como em qualquer profissão, não podemos generalizar, temos que lembrar que existem policiais bons e maus. Eles fizeram um excelente trabalho garantindo o direito e a segurança dos manifestantes.
Saí da Paulista com a sensação de dever cumprido, acho que mostramos ao Brasil e ao mundo que temos SIM muita gente honesta neste país que quer o fim da corrupção, assim como estava num cartaz, seja esta corrupção por parte do PT, do PSDB ou da PQP. A gente só pediu mais transparência e punição.
Como a manifestação foi no domingo, não atrapalhamos a cidade. Mostramos que a população pode se unir e manifestar-se pacificamente.
O que quero propor aqui é um exercício, uma reflexão. Creio que todos queremos mudar o mundo, todos sonham pelo menos com um Brasil melhor. Que tal se a gente começar pelo nosso espaço de vivência? E se a gente à partir de hoje começar a tolerar mais o próximo. E se a gente começar a fazer um exercício de escutar mais e agredir menos. Podemos começar com uma simples ação, por exemplo, parar de ofender ou rotular o colega, seja pelo Facebook ou numa simples conversa, acabando de uma vez por todas com esta picuinha de "varanda gourmet", "PTralhas", "coxinha", "facista"  e sei lá mais o quê.
Faça um compromisso consigo mesmo de no seu espaço de trabalho, comunidade, sua casa, etc, fazer a sua parte contra a corrupção, em pequenas atitudes, como por exemplo, não comprar produtos piratas. Seja exemplo para seus filhos. Se não tiver filhos, seja exemplo para seus amigos ou para quem você ama.
Este mesmo exemplo temos que cobrar dos nosso governantes. Como posso falar de ética com meu filho se no noticiário todos os dias vemos exemplos de corrupção de quem elegemos? Como posso pedir para meu filho não xingar seu coleguinha se eu xingo de "coxinha" aquele que pensa diferente de mim?
Outro dia surpreendi meu filho pegando as moedas de minha carteira para ele coloca-las no cofrinho dele. Adverti meu pequeno e pedi que nunca mais mexesse no que não é dele sem permissão do dono. Neste último domingo ao chegar em casa da Paulista levei uma bronca de meu filho porque eu havia pegado a bandeira do Brasil dele sem permissão... Imaginem a minha cara? Pedi desculpas a ele e isto me fez pensar que falhamos nas pequenas coisas, pecamos contra a honestidade dentro da nossa casa!
Temos que mudar a nossa cultura desde a base! A revolução tem que começar dentro da nossa casa!
Não basta ir para as ruas gritar palavras de ordem. Temos sim que participar mais ativamente como cidadãos das decisões da nossa sociedade, mas a lição de casa tem que ser feita.
Assumi comigo mesma um compromisso de ser melhor. E como cidadã, vou continuar fazendo o meu papel, lutando pelo que acredito.
Fui pra rua por mais respeito, por mais dignidade. E você?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Adeus!




A gente sabe que um dia teremos que nos despedir das pessoas que amamos, mas a gente nunca está preparado para a morte.
A morte faz parte da vida, mas a gente não vive pensando na morte, penso que nem devemos... A gente vive pensando na vida, a morte a gente aceita.
Acredito em Deus, na ressurreição e na vida eterna. Acredito que esta vida é um preparo para algo muito melhor, muito maior. Acredito que com a morte uma nova vida se inicia ao lado de todos que um dia amamos. Esta vida é uma passagem.
Daqui a gente leva somente as mãos vazias. Vale o que a gente deixou no coração daqueles que amamos e compartilhamos a vida ou simples momentos.
Creio que Deus nos dá a vida com um propósito. Quando a gente termina nossa missão na terra a gente parte para uma próxima etapa.
Hoje me despedi da minha avó materna. Meu sentimento é de muita tristeza, saudade e paz. Sinto porque não a verei mais, não terei mais sua companhia. Ao mesmo tempo meu coração está em paz por saber que minha avó viveu 91 anos plenamente e feliz. Ela tinha alegria em viver, gostava da vida, mesmo nos últimos meses de vida em que ela estava doente. Nunca vi minha avó clamando a Deus para morrer. Pelo contrário, mesmo acamada ela louvava a Deus pela vida e familia que tinha.
Minha avó era uma pessoa muito boa que sofreu muito. Veio muito jovem da Espanha, de navio, fugindo da fome e da Guerra de Franco. Na Espanha deixou pais e irmãos. Seus pais não conseguiu tornar a ver, pois morreram antes que ela pudesse retornar ao seu país. No Brasil ela se estabeleceu e criou uma família.
Guardo dela momentos de felicidade, a lembrança de um semblante feliz e iluminado. Quero me lembrar dela como ela era!
Choro tranquila, sabendo que tudo que eu podia fazer e dizer para ela fiz enquanto ela estava viva. Minha dor é de saudade.
Agradeço à todos que rezaram por ela e por minha família. Agradeço pelas mensagens que recebi. Agradeço por todos que foram ao velório e sepultamento dela nos prestar solidariedade.
Agradeço à Deus por ter me escolhido para ser sua neta, por ter abençoado a minha vida com uma avó carinhosa, atenciosa, amiga, que me escutava sempre, me incentivava em tudo. Ela esteve ao meu lado nas alegrias e tristezas e sempre me apoiou. Ela foi fundamental na minha caminhada religiosa, era minha madrinha de batismo e ela e meu avô sempre me guiaram, me catequisaram.
Terei muitas histórias e recordações para contar ao meu filho e quem sabe netos. Manterei em meu coração a história de vida dela e de meu avô vivas.
A vida de ninguém é a toa. Agora minha avó encontrou o descanso e está ao lado de Deus e de meu avô olhando por nós aqui na terra.
Amo você vovó, até um outro dia.